Lições Bíblicas CPAD
Adultos e Jovens
2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o
Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José
Gonçalves
Lição 3: A infância de
Jesus
Data: 19 de
Abril de 2015
TEXTO ÁUREO
“E crescia Jesus em sabedoria, e
em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52).
VERDADE PRÁTICA
Crescer de forma integral e uniforme,
como Jesus cresceu, deve ser o alvo de todo cristão.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Lc 2.40,52; Mc 6.31,32
Jesus ensina a respeito do cuidado
com o corpo
Terça — Lc 2.51
Jesus e o seu proceder familiar
impecável
Quarta — Lc 4.16
Jesus Cristo e a cultura do seu tempo
Quinta — Lc 12.50
Jesus e o desenvolvimento da
personalidade
Sexta — Lc 20.19-26
Jesus e o controle emocional diante
das dificuldades
Sábado — Lc 2.46-49
Jesus e o fortalecimento do espírito
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 2.46-49; 3.21,22.
Lucas 2
46 — E
aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos
doutores, ouvindo-os e interrogando-os.
47 — E
todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
48 — E,
quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste
assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos.
49 — E
ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar
dos negócios de meu Pai?
Lucas 3
21 — E
aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus,
orando ele, o céu se abriu,
22 — e
o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se
uma voz do céu, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido.
HINOS SUGERIDOS
179, 184, 190 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Apresentar a infância de Jesus Cristo
segundo o Evangelho de Lucas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
· I. Mostrar que
Jesus cresceu fisicamente.
· II. Conhecer como
se deu o crescimento social de Jesus.
· III. Saber como
se deu o desenvolvimento cognitivo de Jesus.
· IV. Aprender como
se deu o desenvolvimento espiritual de Jesus.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Não temos muitas informações a
respeito da infância de Jesus. Os Evangelhos são nossas únicas fontes
confiáveis a respeito dessa fase da vida do Mestre. O Evangelho de Lucas nos
mostra que, como Homem Perfeito, Ele experimentou um desenvolvimento saudável,
como de qualquer criança de sua idade. A única diferença entre Jesus e os
meninos de sua época era o fato de que Ele não tinha pecado.
Lucas também registra um incidente da
infância do menino Jesus. Por meio desse incidente, podemos ver que, aos doze
anos, Jesus já tinha plena consciência de sua relação com o Pai e acerca de sua
chamada.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
As Escrituras revelam que Jesus era
plenamente Deus e plenamente homem! Ao dizerem que Jesus é cem por cento Deus e
cem por cento homem, teólogos cristãos estão afirmando essa mesma verdade de
uma outra forma. Deus se humanizou em Cristo (2Co 5.19) e isso é conhecido na
teologia cristã como o grande mistério da encarnação.
Conhecer o Jesus divino é maravilhoso
e bíblico, mas conhecer o Jesus humano o é da mesma forma. Aqui, vamos aprender
que Jesus cresceu como qualquer ser humano. Ele cresceu física, social,
psicológica e espiritualmente. Em cada uma dessas dimensões, Ele deixou ricos
aprendizados para todos nós.
PONTO CENTRAL
Jesus, como ser humano, desenvolveu-se
normalmente.
I. JESUS CRESCEU FISICAMENTE
1. A dimensão corpórea de Jesus. A Bíblia nos ensina que Jesus nasceu e
cresceu como qualquer ser humano (Lc 2.40,52). Jesus em tudo era, semelhante a
nós, mas sem, pecado (Fp 2.6,7; Hb 4.15). Como todo ser humano, Ele possuía um
corpo físico que era limitado pelo tempo e pelo espaço. A palavra grega helikia, traduzida em português como
estatura, no versículo 52, ocorre oito vezes no texto grego do Novo Testamento,
com o sentido de tamanho ou idade. É a mesma palavra usada por Lucas quando se
refere à pequena estatura de Zaqueu, o publicano (Lc 19.3) e, também, a mesma
palavra usada pelo apóstolo João para se referir à idade do cego a quem Jesus
curou (Jo 9.21,23). A Escritura, de forma alguma, nega a dimensão corpórea e
física de Jesus como fazem as heresias.
2. O cuidado com o corpo. Como todo ser humano que possui um corpo
físico, Jesus também viveu os limites dessa dimensão corpórea. Ele também se
cansava (Jo 4.6). Jesus sabia a importância que tem o corpo humano e, para
isso, tratava de dar o devido cuidado ao seu corpo. Para recuperar suas
energias físicas, por exemplo, Marcos relata que Ele procurou o descanso
necessário (Mc 6.31,32). A palavra grega anapauo, traduzida como repousar, significa “parar com
todo movimento a fim de que se recupere as energias”. Se o Mestre deu os
devidos cuidados ao seu corpo, não deveríamos nós fazer o mesmo?
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Jesus teve um crescimento físico normal,
igual às crianças de sua idade.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A humanidade de Jesus. Teólogos têm
se mostrado confusos quanto à precisão do relacionamento entre a humanidade de
Jesus e sua divindade. Tudo o que podemos dizer, com certeza, é que Jesus é
tanto Deus quanto homem. Como ser humano, descendente de Adão, nasceu e viveu
uma vida humana normal. Teve fome e exaustão física. Conheceu a rejeição e o
sofrimento. Gostava das celebrações nupciais e das festas. Sentiu pena do
desamparado, frustração da apatia de seus seguidores e ira pela indiferença dos
líderes religiosos diante do sofrimento humano. Era um ser verdadeiramente
humano no melhor e ideal sentido da palavra. Por tudo isso, é um exemplo para
nós” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2005, p.653).
CONHEÇA MAIS
Os pais e irmãos de Jesus
“Não sabemos muito sobre a família de
Jesus; entretanto, fica claro, conforme o relato dos Evangelhos, que os pais,
irmãos e irmãs de Jesus eram muito conhecidos na cidade de Nazaré (Mt
13.54-56). Os primeiros anos da vida de Jesus foram tão normais que as pessoas
que o viram crescer ficaram surpresas com o fato de que Ele pudesse ensinar com
autoridade sobre Deus e fazer grandes milagres — achavam que era apenas um
carpinteiro como José”. Guia Cristão de Leitura da Bíblia, CPAD,
p.28.
II. JESUS CRESCEU SOCIALMENTE
1. Jesus e a família. No antigo Israel do tempo de Jesus, havia uma
estrutura familiar consolidada. Os estudiosos observam que a família hebraica
obedecia a seguinte estrutura social: endógama — casam-se com parentes;
patrilinear — descendência pai-filho; patriarcal — poder do pai; patriolocal —
a mulher vai para a casa do marido; ampliada — reúne os parentes próximos todos
no grupo, e polígena — tem muitas pessoas.
A Bíblia fala da família de Jesus
dentro desse contexto. Como homem perfeito, Jesus aprendeu a viver em família
(Lc 2.51). Como membro da família, Ele viveu em obediência a seus pais. Isso
mostra que os papeis sociais dentro da família precisam ser respeitados.
Somente dessa forma, a família continua sendo um instrumento importante na
formação do caráter.
2. Jesus e a cultura local. A Bíblia afirma que o “Verbo se fez carne e
habitou entre nós” (Jo 1.14). O vocábulo habitar traduz o verbo grego skenoo e tem o sentido de “fazer a sua
tenda”. Deus se humanizou e fez a sua tenda ou morada entre nós. Como homem
perfeito, Jesus viveu no meio da cultura dos seus dias. Fazia parte dessa
cultura, qual seja, o povo, o espaço geográfico, a língua e a família. Jesus foi
criado em Nazaré da Galileia e, como nazareno, Ele possivelmente espelhava a
cultura desse lugar. Jesus aprendeu a ler as Escrituras (Lc 4.16); aprendeu uma
profissão (Mc 6.3) e até mesmo aprendeu a maneira de falar que era peculiar dos
habitantes dessa região (Mt 26.73. Mc 14.70). Todavia, um fato fica em
evidência — Jesus estava pronto a confrontar a cultura quando esta contrariava
os princípios da Palavra de Deus (Lc 11.38,39).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Jesus, enquanto criança, teve um
desenvolvimento social saudável.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Os primeiros anos de vida de Jesus
foram tão normais que as pessoas que o viram crescer ficaram surpresas com o
fato de que Ele pudesse ensinar com autoridade sobre Deus (Lc 2.46,47) e fazer
grandes milagres — achavam que era apenas um carpinteiro como José o fora antes
dEle. Em meados do século II d.C., histórias imaginativas começaram a ser
escritas sobre o início da vida de Jesus, afirmando que tinha poderes
sobre-humanos. Por exemplo, na Infância de Cristo segundo Tomé, Ele
forma passarinhos de barro e os traz à vida!” (Guia Cristão de Leitura da
Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.28).
III. JESUS CRESCEU PSICOLOGICAMENTE
1. A dimensão psicológica de Jesus. O texto de Lucas 2.52 informa que Jesus
crescia em “sabedoria”. Crescer em sabedoria é crescer em conhecimento. É
desenvolver-se intelectual e mentalmente. É o desenvolver da psique humana.
Como homem perfeito, Jesus também possuía uma dimensão psicológica. Ele, por
exemplo, angustiou-se em sua alma (Lc 12.50; Mt 26.37; Jo 12.27). Lucas ainda
diz que Jesus “enchia-se de sabedoria” (Lc 2.40). Esse crescimento mental e
intelectual vem pela assimilação dos conhecimentos da vivência humana do dia a
dia. É o acúmulo cultural que se forma ao longo dos anos. Como todo menino
judeu de sua época, Jesus tinha o seu intelecto treinado pelo estudo das
Sagradas Letras (2Tm 3.15).
2. Jesus e as emoções. A Escritura mostra que Jesus, como homem
perfeito, possuía domínio completo sobre suas emoções. Ele não sofria de nenhum
distúrbio mental, nem tampouco era desajustado emocionalmente. Quando
pressionado, não cedia à pressão do grupo (Jo 8.1-11). Seus próprios algozes
reconheceram que Ele agia movido por suas convicções internas e não pelo que os
outros achavam (Lc 20.19-26). Sua presença revelava serenidade e paz (Jo 14.27;
Lc 7.50). É evidente que essa paz era uma consequência natural da íntima
comunhão com Deus que Ele cultivava. Jesus passava horas em oração, às vezes, até
mesmo noites inteiras em oração (Lc 6.12), um claro exemplo para todos os seus
seguidores.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
O menino Jesus teve um desenvolvimento
cognitivo saudável, compatível com cada fase da vida.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, antes de iniciar o tópico,
faça a seguinte indagação: “Jesus tinha consciência de que era Filho de Deus?”
Ouça os alunos com atenção. Em seguida, peça que leiam Lucas 2.41-52. Explique
o fato de o texto bíblico mostrar que, aos doze anos, Jesus já tinha clareza de
seu relacionamento com Deus e da sua missão. Ele afirmou sua filiação única.
Diga que Jesus é completamente Deus e completamente humano. Como homem,
experimentou todas as etapas do desenvolvimento humano.
IV. JESUS CRESCEU ESPIRITUALMENTE
1. Crescendo na graça e fortalecendo
o espírito. Nos dois textos bíblicos
citados por Lucas para se referir ao crescimento de Jesus Cristo, o homem
perfeito, a palavra “graça” se destaca (Lc 2.40,52). A palavra grega traduzida
como graça écharis.
Graça é um favor de Deus. Jesus cresceu na graça quando viveu a vida como ela
é. Ele aprendeu a viver com as limitações que uma família pobre possuía na Palestina
do primeiro século. Graça é ter consciência de que, em meio a tudo isso, a
vocação e chamada tiveram origem em Deus. Graça é saber que Deus está em nosso
crescimento enquanto vivemos em comunidade, enquanto o adoramos, meditamos,
contemplamos e, também, quando vivemos a vida, mesmo quando ela se mostra dura
em sua rotina.
2. Jesus e sua maioridade. Lucas mostra o desenvolvimento espiritual em
duas outras passagens do seu Evangelho (Lc 2.46-49). Na situação do Templo,
Jesus se mostra como alguém que já tem consciência da sua missão. Ele veio para
cuidar dos negócios de seu Pai, Deus. Por outro lado, Lucas mostra no relato do
batismo de Jesus como Ele se identifica com o povo e recebe a capacitação
divina para o exercício do seu ministério (Lc 3.21-23).
Até os trinta anos, Jesus permaneceu
na cidade de Nazaré e trabalhou como carpinteiro. O Salvador esperou
pacientemente até o momento determinado pelo Pai para exercer seu ministério.
Vivemos em uma sociedade imediatista; por isso, atualmente, as pessoas não
querem esperar o tempo de Deus em suas vidas e ministério. O tempo do Senhor é
perfeito. Temos que esperar o seu agir.
SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
Enquanto criança, Jesus também teve um
desenvolvimento espiritual saudável.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Com a idade de 12 anos, um menino
judeu se torna ‘filho da lei’. Nesse momento, ele aceita os deveres e
obrigações religiosas aos quais os pais o entregaram pelo rito da circuncisão.
Para Jesus, isto acontece quando seus pais sobem a Jerusalém para celebrar a
Páscoa. O Antigo Testamento ordenava que a pessoa do sexo masculino
comparecesse em Jerusalém para três festas: a Páscoa, o Pentecostes e os
Tabernáculos (Êx 23.14-17). A dispersão dos judeus pelo mundo tornou impossível
que todos fizessem isto nos dias de José e Maria. Apesar da distância, os
judeus devotos faziam a jornada pelo menos uma vez por ano para a Páscoa. Não
era exigido que as mulheres comparecessem, contudo, muitas iam” (Comentário
Bíblico Pentecostal. 1ª Edição. Volume 1. RJ: CPAD, 2009, p.331).
CONCLUSÃO
Ao escrever a sua segunda carta, o
apóstolo Pedro exortou os cristãos a desejarem o crescimento: “Antes, crescei
na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja
dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém!” (2Pe 3.18). O alvo
do crente é o crescimento. Mas esse crescimento não acontece de qualquer forma;
antes, ocorre nas esferas da graça e do conhecimento do Senhor. Crescimento sem
conhecimento é uma deformação, assim como o é, também, o crescimento sem a
graça.
O cristão deve atentar para o fato de
que onde se privilegia apenas o conhecimento intelectual, sem a adição da
graça, o levará a uma vida árida. Da mesma forma, esse mesmo crescimento, onde
se privilegia apenas a revelação e menospreza a razão, o conduzirá ao
fanatismo. O crente deve, a exemplo do seu Senhor, crescer de forma integral.
PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
De que forma a lição mostra a dimensão corpórea de
Jesus?
A lição mostra que Jesus cresceu como qualquer ser humano e, como tal,
Jesus viveu os limites dessa dimensão corpórea.
De que forma era estruturada a família nos dias de
Jesus?
Os estudiosos observam que a família hebraica obedecia à seguinte
estrutura social: endógama — casam-se com parentes; patrilinear — descendência
pai-filho; patriarcal — poder do pai; patriolocal — a mulher vai para a casa do
marido; ampliada — reúne os parentes próximos todos no grupo, e polígena — tem
muitas pessoas.
Como as Escrituras demonstram o equilíbrio
psicológico de Jesus?
As Escrituras mostram que Jesus tinha total domínio sobre suas emoções.
Ele não sofria de nenhum distúrbio mental ou emocional.
De que forma a lição ilustra o crescimento de
Jesus?
Ilustra como um crescimento saudável, perfeito.
Para você, o que é crescer de forma integral?
Apesar de a resposta ser pessoal, havendo entendido a lição é necessário
que o aluno responda, mais ou menos, nestes termos: É crescer de forma completa
— corpo, alma, espírito.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A infância de Jesus
Nesta lição, devemos informar aos
alunos que não existe nenhuma narrativa extensa sobre a infância de Jesus na
Bíblia. E se não está na Bíblia, principalmente nos Evangelhos, não há outra
fonte digna de confiança e merecedora de crédito quanto à narrativa da infância
de Jesus Cristo narrada nas Sagradas Escrituras. Com essa afirmação queremos
dizer que não há informação digna de confiança porque os documentos extras
bíblicos, que reclamam tal status, e tentam dar conta desse lapso
de tempo da infância de Jesus, são bem posteriores aos Evangelhos, e foram
influenciados pelo gnosticismo, uma heresia combatida pela Igreja do primeiro
século, fundamentalmente por intermédio das cartas apostólicas.
Em segundo lugar, por falta de
material sobre a infância de Jesus, muitas são as especulações sobre ela, não
contribuindo em nada para o nosso conhecimento sobre o Senhor e a sua história
como menino.
É importante ressaltar na ministração
da lição, a intenção do evangelista em destacar a infância de Jesus. Ao
analisarmos o contexto das passagens que envolvem a infância e a adolescência
do nosso Senhor, vemos que Lucas não tem o objetivo de descrever a infância de
Jesus numa perspectiva biográfica. Embora haja dados biográficos no conteúdo,
os Evangelhos não são relatos preponderantemente biográficos. E não apresenta
uma preocupação cronológica com a estruturação das narrativas, embora o escrito
lucano seja considerado, entre os Evangelhos, o mais cronológico.
O Evangelho de Lucas narra tudo o que
sabemos sobre a infância e a adolescência de Jesus. O objetivo de o evangelista
narrá-lo é o de apresentar a paternidade divina de nosso Senhor, pois Ele foi
concebido no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Nessa narrativa está presente
“o anúncio do anjo Gabriel a Maria sobre o nascimento de Jesus” (Lc 1.26-38);
“a história do nascimento de Jesus e a presença de anjos juntamente com os
pastores de Belém” (Lc 2.1-20). Nosso Senhor foi uma criança comum, crescendo e
desenvolvendo-se como qualquer criança da Antiga Palestina. Assim o texto
lucano destaca a humanidade do nosso Senhor desde a tenra infância: “a
apresentação do menino ao Senhor no Templo” (Lc 2.21-40); “e a única história
do texto bíblico sobre Jesus na adolescência” (Lc 2.41-52). Portanto, a
narrativa do nascimento de Jesus Cristo está alocada no Evangelho de Lucas como
uma introdução de quem é a pessoa do meigo nazareno, destacando sua paternidade
divina e a sua característica humana.
Lições Bíblicas CPAD
Jovens
2º Trimestre de 2015
Título: Jesus e o seu
tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
Comentarista: Valmir
Milomem
Lição 3: Jesus e os
grupos político-religiosos de sua época
Data: 19 de
Abril de 2015
TEXTO DO DIA
“Mas ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus;
e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando” (Mt
23.13).
SÍNTESE
Embora tenha
convivido com os grupos religiosos de sua época, Jesus apontou seus erros e
hipocrisia.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA
— Mt 16.6
O fermento dos
fariseus e saduceus
TERÇA
— Mt 22.34-46
A resposta ao
fariseu
QUARTA
— Lc 15.2
Murmuração dos
religiosos
QUINTA
— Lc 18.10-14
O orgulho dos
fariseus
SEXTA
— Mc 3.6
A estratégia dos
herodianos
SÁBADO
— Tg 1.27
A verdadeira
religião
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
· APRESENTAR os
grupos político-religiosos da época de Jesus;
· COMPREENDER a
postura de Jesus frente a tais grupos;
· MOSTRAR como
o cristão deve se comportar diante da diversidade religiosa contemporânea.
INTERAÇÃO
O
homem é, essencialmente, um ser religioso. Jesus também viveu dentro de um
contexto social de diversidade religiosa, e com Ele aprendemos como nos
posicionar frente às seitas religiosas, com respeito, mas defendendo a verdade
do Evangelho.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
reproduza o quadro abaixo, e à medida que for explicando os tópicos da lição,
peça para seus alunos indicarem as características preponderantes do respectivo
grupo.
TEXTO BÍBLICO
Mateus
23.1-8.
1 — Então,
falou Jesus à multidão e aos seus discípulos,
2 — dizendo:
Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus.
3 — Observai,
pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com
as suas obras, porque dizem e não praticam.
4 — Pois
atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos
homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los.
5 — E
fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos
filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
6 — e
amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 — e
as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens: — Rabi, Rabi.
8 — Vós,
porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber,
o Cristo, e todos vós sois irmãos.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
No contexto do Novo
Testamento, a nação judaica não era homogênea. Ao contrário disso, ela estava
dividida em vários grupos e partidos com doutrinas, ideologias e tradições
distintas, movidos ora por motivações políticas, ora religiosas. Nesse sentido,
saduceus, fariseus, essênios, zelotes e herodianos formavam os principais
partidos políticos e seitas religiosas daquela época. Nesta liçao, veremos as
características desses grupos, e como Jesus, com sua sabedoria e coragem,
conviveu e reagiu a eles, nos deixando o exemplo de como viver dentro de um
ambiente de pluralismo religioso como o presenciado nos dias atuais, com
respeito e defesa da verdade.
I.
SADUCEUS E FARISEUS
1.
Saduceus. Apesar da pequena quantidade,
os saduceus representavam a aristocracia dominante do judaísmo nos tempos do
Novo Testamento. O nome desse grupo, segundo Merrill Tenney, originou-se
provavelmente de Zadoque, o pai da linhagem de sumo sacerdotes durante o reinado
de Salomão (1Rs 1.32,34,38,45). Eles formavam o escalão superior dos sacerdotes
e parte do Sinédrio, exercendo, por isso, grande influência política. Ao
contrário dos fariseus, que reconheciam a importância da tradição oral, os
saduceus aceitavam somente a Lei escrita (Torá). Por influência do helenismo e
da cultura pagã, era uma religião materialista e secularizada, que negava a
existência do mundo espiritual (At 23.8) e não cria na ressurreição dos mortos
(Mc 12.18) nem na vida futura. A vida para eles, portanto, se resumia ao aqui e
agora, sobre a qual Deus não tinha nenhuma interferência. Quanto a esse grupo,
Jesus disse aos seus discípulos para tomarem cuidado com o seu “fermento” (Mt
16.6), símbolo do mal e da corrupção.
2.
Fariseus. Em maior número que os
saduceus, os fariseus (hb. parash: “separar”) representavam o núcleo mais rígido do
judaísmo, formado basicamente por pessoas da classe média e com grande
influência entre o povo (Jo 12.42,43). Eram meticulosos quanto ao cumprimento
da Lei mosaica e, por isso, a maioria dos escribas (Mt 15.1; 23.2) pertencia a
esse grupo. Enfatizavam mais a tradição oral do que a literalidade da lei. Além
de dar grande valor às tradições religiosas, como a lavagem das mãos antes das
refeições (Mc 7.3) e ao recolhimento do dízimo (Mt 23.23), os fariseus jejuavam
regularmente (Mt 9.14) e enfatizavam a observância do sábado (Mt 12.1-8).
Entretanto, eram avarentos (Lc 16.14) e, em suas orações, gostavam de se
vangloriar de seus atributos morais (Lc 18.11,12).
Em razão do seu
legalismo, Jesus os repreendeu de forma corajosa (cf. Mt 23), chamando-os de
amantes dos primeiros lugares, hipócritas e condutores cegos, pois a
religiosidade deles estava baseada no exterior, nos rituais e na justiça
própria, em desprezo à parte mais importante da Lei: o juízo, a misericórdia e
a fé (v.23). Um dos exemplos era a invocação da tradição de Corbã (Mc 7.11)
como subterfúgio para não cuidar de seus pais na velhice, dizendo que seus bens
haviam sido consagrados como oferta a Deus e ao Templo e, por isso, não
poderiam ser utilizados. Jesus disse que eles haviam invalidado a lei pela
tradição (Mc 7.13). Eis o motivo pelo qual Jesus declarou aos seus discípulos:
“[...] se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20).
A conduta dos
fariseus nos faz lembrar que a verdadeira santidade não se alcança através do
legalismo e do esforço pessoal, mas pela fé em Cristo (Gl 2.16) e através da
sua maravilhosa graça (Hb 4.16).
Pense!
Hipócrita
religioso é aquele que vive de forma diversa daquilo que prega.
Ponto
Importante
Apesar
de adversários, fariseus e saduceus, e até mesmo os sacerdotes, queriam
conjuntamente a morte de Jesus (Mc 14.53; 15.1; Jo 11.48-50).
II.
ESSÊNIOS, ZELOTES E HERODIANOS
1.
Essênios. Embora a Bíblia não mencione
diretamente esse grupo religioso, os essênios formavam uma pequena seita
judaica na época do Novo Testamento, que vivia de forma reclusa no deserto da
Judeia, às margens do Mar Morto. Merrill Tenney diz que no ato da admissão à
seita, todas as pessoas entregavam suas propriedades a um fundo que era
igualmente disponível a todos. Banhavam-se antes das refeições e vestiam-se de
branco. Além disso, consideravam a si mesmos “os filhos da luz”, e viviam
completamente separados do judaísmo de Jerusalém, o qual consideravam apóstata.
As práticas
místicas dos essênios destoam dos ensinamentos de Jesus, que não impôs nenhum
ritual de purificação, a não ser a purificação pela Palavra (Jo 13.10; 15.3).
Além disso, os cristãos foram chamados para ser sal da terra e luz do mundo (Mt
5.13,14), o que implica viver e influenciar a sociedade e a cultura, e não
viver em reclusão.
2.
Zelotes. Os zelotes formavam um grupo
extremista que usava a rebelião e a violência contra a dominação dos romanos,
pois acreditavam que tal submissão era uma traição a Deus. De acordo com o Dicionário
Wycliffe, “alguns sugeriram que o Senhor Jesus favoreceu os Zelotes, e
escolheu Simão, o Zelote (Lc 6.15) para expressar sua aprovação em relação às
suas táticas. Nada poderia ser tão oposto à verdade, uma vez que todo
ministério de Jesus era baseado em meios pacíficos, e Simão provavelmente
experimentou uma mudança de coração em relação a toda atividade dos Zelotes”.
3.
Herodianos. Os evangelhos também mencionam
os chamados herodianos (Mc 3.6; 12.13; Mt 22.16). Tinham características de
agremiação partidária, apoiando a dinastia dos Herodes, que deviam seu poder às
forças romanas de ocupação. Os herodianos se opunham a Jesus por receio que Ele
pudesse promover perturbações públicas por meio de seus ensinamentos morais.
Eram movidos mais por interesses políticos do que religiosos, tanto que não
tinham uma ortodoxia clara. Ainda hoje, alguns grupos religiosos são mais
movidos por interesses políticos do que pelas convicções bíblicas.
Pense!
O
Evangelho não é uma causa política. É o poder de Deus para a transformação de
todo aquele que crê (Rm 1.16).
Ponto
Importante
Os
ensinos e o exemplo de vida de Jesus evidenciam que Ele não pertencia a nenhum
grupo político-religioso de Israel.
III.
A QUESTÃO DO PLURALISMO RELIGIOSO
1.
Jesus e as religiões do seu tempo. Como
podemos observar, Jesus viveu dentro de um contexto de pluralidade religiosa,
com a existência de diversas teologias e concepções sobre Deus e
espiritualidade. Embora respeitasse a crença de cada grupo e tivesse dialogado
com muitos deles (Lc. 7.36), Ele não deixou de apontar os seus erros e de lhes
falar a verdade. Jesus não se apresentou como mais uma opção religiosa entre
tantas, mas como o próprio Filho de Deus (Jo 6.57), afirmando a sua
exclusividade ao dizer: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem
ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
2.
A exclusividade de Cristo hoje. Nos
dias atuais, como discípulos de Jesus, devemos respeitar as demais confissões
religiosas, sem perder o senso crítico e a coragem de dizer o que convém à sã
doutrina (Tt 2.1). Precisamos estar preparados (1Pe 3.15) para confrontar toda
religião que fuja dos princípios bíblicos, seja por legalismo, misticismo ou
mundanismo, enfatizando a superioridade de Cristo, o autor e consumador da
nossa fé (Hb 12.2), e o fundamento da verdadeira espiritualidade.
Pense!
Religião
não é uma questão de simples preferência pessoal, mas de verdade.
Ponto
Importante
A
tolerância religiosa significa que devemos respeitar as crenças alheias, ainda
que não concordemos com elas.
CONCLUSÃO
Vivemos hoje em um
contexto de grande diversidade religiosa, no qual muitos escolhem suas
religiões de forma descompromissada e baseados em simples preferência pessoal
ou agenda política. Ainda assim, os princípios básicos dos ensinos do Mestre
permanecem válidos, servindo-nos de orientação para a defesa da verdade e da
ortodoxia bíblica, contra as religiões enganosas, heresias e falsas doutrinas.
ESTANTE DO PROFESSOR
BOYER, Orlando. Pequena
Enciclopédia Bíblica. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 8ª Edição. RJ: CPAD, 2004.
LUTZER, Erwin. Cristo entre outros Deuses. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000.
TENNEY, Merril C. Tempos do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 8ª Edição. RJ: CPAD, 2004.
LUTZER, Erwin. Cristo entre outros Deuses. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000.
TENNEY, Merril C. Tempos do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010.
HORA DA REVISÃO
1. Quais
as características dos saduceus?
Era uma religião materialista e
secularizada, negavam a existência do mundo espiritual (At 23.8) e não criam na
ressurreição dos mortos (Mc 12.18) nem na vida futura.
2. Por
que Jesus repreendeu os fariseus?
Em razão do legalismo e da hipocrisia.
3. Por
que os essênios destoavam dos ensinamentos de Jesus?
Jesus não impôs nenhum ritual de
purificação, a não ser a purificação pela Palavra (Jo 13.10; 15.3). Além disso,
os cristãos foram chamados para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.14), o
que implica viver e influenciar a sociedade e a cultura, e não viver em
reclusão.
4. Por
que os herodianos se opunham à liderança de Jesus?
Por receio de que Ele pudesse promover
perturbações públicas por meio de seus ensinamentos morais, alterando o status
quo daquela época.
5. Hoje,
como os cristãos devem se portar diante da diversidade religiosa?
Nos dias atuais, como discípulos de
Jesus devemos respeitar as demais confissões religiosas, sem perder o senso
crítico e a coragem de dizer o que convém à sã doutrina (Tt 2.1).
SUBSÍDIO
SEITAS
JUDAICAS
OS
FARISEUS
“Sucessores dos hassidim (‘os piedosos’) do século II
a.C., formavam um partido religioso puritano.
1. Seu principal interesse era a observância da
Lei de Moisés.
2. Conferiam igual valor às tradições dos
anciãos e às Escrituras Sagradas.
3. Criam na existência dos anjos e demônios.
4. Criam na vida após a morte.
5. Davam grande ênfase aos aspectos práticos de
seus ensinamentos, como a oração, o arrependimento e as obras assistenciais.
6. Embora poucos, em número, sua influência
social e política era considerável.
7. A maioria dos escribas pertencia a este
grupo.
8. Sua rigidez e separatismo degenerou-se em
mero legalismo, em arrogância e menosprezo pelos demais.
9. Jesus não criticou a ortodoxia dos seus
ensinamentos, mas a sua falta de amor e orgulho.
OS
SADUCEUS
Em sua maioria,
eram sacerdotes e ricos aristocratas. É provável que tenham surgido no período
macabeu.
1. Não reconheciam a autoridade da tradição
oral.
2. Negavam a existência do mundo espiritual.
3. Não criam na ressurreição dos mortos nem na
vida futura.
4. Aceitavam como canônicos apenas os livros de
Moisés.
5. Interpretavam a Lei de maneira literal.
6. Eram simpáticos à cultura helenista.
7. Contavam com pouco apoio popular.
8. Eram renhidos adversários dos fariseus” (Bíblia
de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.1380).
CARO
PROFESSOR, “o olho humano é atraído pelo
movimento, brilho e cor. Mesmo o simples ato de ligar um datashowdesperta
a atenção involuntária na audiência, porque gera movimento, cor e brilho.
Apropriados materiais capturam e mantêm a atenção.
Entusiastas dos
recursos audiovisuais frisam que a aprendizagem acontece por todos os cinco
sentidos e o uso da mídia tão-somente tira vantagem de mais de um deles de cada
vez. Isso força mais envolvimento e, consequentemente, mais interesse. Certo
estudo indica que aprendemos:
• 1%
pelo paladar
•
1,5% pelo tato
•
3,5% pelo cheiro
• 11%
pelo ouvido
• 83%
pela visão”
(GANGEL, Kenneth
O.; HENDRICKS, Howard G. (Orgs.) Manual de Ensino Para o Educador
Cristão. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1999, p.223).
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