Idosa cristã tem as roupas rasgadas e é
carregada nua pelas ruas por muçulmanos no Egito
Grupo de 300 homens atacou uma
aldeia cristã copta no sul do país depois de boatos de que um morador do local
estaria se relacionando com uma mulher da religião islâmica
Cristã copta chora durente oração pelas vítimas do voo MS804 da EgypAir, na Igreja Al-Boutrossiva, dentro do complexo da Catedral Copta, na capital do Egito, Cairo 24/05/2016 (Amr Nabil/AP)
Uma mulher cristã de 70 anos
foi despida, espancada e exibida publicamente pelas ruas de uma aldeia no sul
Egito por um grupo de 300 homens muçulmanos. A multidão também incendiou sete
casas pertencentes a famílias cristãs, de acordo com um comunicado da Igreja
Ortodoxa Copta local.
O
ataque na aldeia de Al Karam foi motivado por boatos na região de que um homem
cristão chamado Ashraf Abdu Atiya estaria envolvido em um relacionamento com
uma mulher muçulmana. A idosa vítima do linchamento seria mãe de Atiya, de
acordo com o jornal britânico Independent,
e o homem precisou abandonar a cidade perante as ameaças, que foram denunciadas
por seus pais na quinta-feira passada em uma delegacia.
Pelo
menos três pessoas foram detidas até o momento e a polícia procura outras dez
por envolvimento no ataque, que aconteceu na sexta-feira passada (20). Segundo
a diocese, a violência começou às oito da noite, no horário local, e a polícia
só respondeu ao chamado duas horas depois, quando o grupo já havia dispersado.
Os responsáveis pelo atentado estavam armados e saquearam as residências, antes
de atear fogo.
Perseguição - Os cristãos coptas são de uma ordem
religiosa originária no Egito e representam 10% da população do país, porém,
são tratados como cidadãos de segunda classe pela maioria muçulmana. O episódio
de violência representa as tensões entre as duas religiões na província ao sul
do Cairo, onde casos extraconjugais entre cristãos e muçulmanos são tratados
como tabu.
Pela
primeira vez, a igreja copta criticou as autoridades do país pela negligência
com tais ocorrências. Em uma entrevista na noite de quarta, o membro do clero
mais importante da província de Minia - onde a aldeia está localizada -, Anba
Makarios, disse que se um homem muçulmano estivesse com uma mulher cristã
"nada parecido com isso teria acontecido".
O
governador da província de Minia, Tareq Nasr, disse à agência oficial de
notícias egípcia Mena que "o Estado não vai aceitar que
ocorram estas violações e serão castigados todos os envolvidos". Já o
primeiro-ministro do país, Sherif Ismail, qualificou o fato como
"lamentável" e garantiu que tratará o assunto conforme a lei. Por sua
parte, o presidente Abdul Fatah al Sisi, ordenou que se reparem os danos
causados, estimados em 350 mil libras egípcias (mais de 140 mil reais), em um
prazo de um mês e prometeu que o Estado assumirá as despesas.
(Com EFE)
Fonte: Revista Veja
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