9 de março de 2017

POLITICAMENTE CORRETO. A DOENÇA MALIGNA QUE CORRÓI A SAÚDE INTELECTUAL E COMPORTAMENTAL DE UMA SOCIEDADE DE BEM

POLITICAMENTE CORRETO. A DOENÇA MALIGNA QUE CORRÓI A SAÚDE INTELECTUAL E COMPORTAMENTAL DE UMA SOCIEDADE DE BEM

O “politicamente correto” invadiu todas as alas da sociedade. Permeou e permeia todos os conceitos. Manipula pensamentos. Pretensiosamente, define destinos sociais. Posso definir o “politicamente correto’ como sendo a forma de agir, falar e pensar que ultrapassa limites morais, sociais, políticos, religiosos e culturais, com intuito de influenciar mais e mais indivíduos e grupos. Uma rebeldia contra a ética e moral. Uma mentira. Uma forma hipócrita de ser e não parecer um hipócrita. A mentira da mentira. A hipocrisia da hipocrisia. Nada mais é o “politicamente correto” do que ignorar por completo todo o regimento da sociedade, e adotar para si, indivíduo, um comportamento libertário, que não possui regras, tampouco valores. A principal convicção é não ter nenhuma convicção. O principal valor é não ter nenhum valor agregado. A principal regra é não ter regras.

Mas há, pelo menos um regimento ‘interno’ para o “politicamente correto”: para possuir todos estes atributos, ele precisa combater veementemente, com radicalidade extrema, tudo que seja contrário ao que ele prega. Em outras palavras, o “politicamente correto” é um fascismo disfarçado de cultura e modernismo, fruto da contra cultura esquerdista. Seria, então, o “politicamente correto” um instrumento de domínio com intuito de deturpar a sociedade e a manipular ideologicamente? É a teoria “do contra”. Não este “do contra” que se fala popularmente entre as pessoas na sociedade, mas sim, a criação de uma “cultura do contra” como correta, para que, sendo “do contra”, seja certo e, tudo que for contra o “do contra” está contra o correto. Mais popularmente, eu poderia atribuir o nome de “contra-cultura” ao “politicamente correto’, embora o pai do “politicamente correto” – Rousseau – não seja o mesmo pai da “contra cultura” – Horkheimer & Macuse. Numa rápida e objetiva analogia, pensando, claro, fora do campo jurídico, o “politicamente correto” é nada mais, nada menos, do que uma espécie de assédio moral.

O “politicamente correto” foi um importante instrumento do que ocorreu na década de 1960, chamada revolução cultural, ou, mais adequadamente, revolução contracultural. Como eram chamados estes revolucionários, guevaristas por tabela, os beatniks, Estes eram grupos de jovens norte americanos pertencentes à uma classe minoritária, rebelde e recheados de inconformismo com limites sociais. No Brasil, por exemplo, temos representantes dos beatnicks: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros. Este tipo de rebelde anticultura, na verdade são dos que querem o que querem, sem se importar se seus pensamentos, atitudes ou formas de vida agride a sociedade. Agem, como minoria, anticulturalmente, em detrimento da sociedade e da cultura. Como principal característica, os beatnicks tinham (e têm) inconformismo à realidade. Não aceitavam  uma sociedade moralizada e ética. Ampliando e generalizando conceitos, nomino o “politicamente correto” de “desconstrutivismo”.

Max Horkheimer foi o líder da Escola de Frankfurt. Esta era constituída por um grupo de filósofos e pensadores sociais ligados ao Instituto de Pesquisa Social, em Frankfurt (Alemanha). O grande destaque de Horkheimer foi o desenvolvimento pioneiro do que foi nominado de “teoria crítica”. Ele trabalhava com a ideia de “alívio do sofrimento” – uma espécie da ‘medicina político-filosófica’, que dizia que os filósofos sociais deveriam concentrar-se primeiro em sua filosofia prática, aliviando o sofrimento social, e depois, atuar em sentido de promover uma reforma da antiga questão relativa à conexão da existência particular com a razão universal. Isto é, nunca perder a visão do geral. Um comunista enrustido de socialista moderno.

Herbert Marcuse foi considerado o pai da nova esquerda. Um radical que obteve notoriedade como filósofo e teórico radical, por seu ativismo. Sua visão de sociedade permeava o campo da utopia, e ao mesmo tempo, da liberalidade. Marcuse é um dos primórdios dos movimentos libertarianos e da contracultura. Um crítico mordaz da sociedade industrial avançada. A considerava como opressora e por isto, deveria ser derrubada.

Estes dois exemplos são suficientes para demonstrar que o “politicamente correto” não é um conceito, surgido por meio de exaustivos pensamentos, ideias e elaborações científicas, filosóficas. Mas é o resultado de um conjunto de ideias pré-determinadas como forma estratégica de doutrina, como uma ferramenta, um instrumento de poder, um instrumento para poder, algo malévolo, mal intencionado, dissimulador, segregacionista e desconstruidor. O filósofo Luiz Felipe Pondé  faz uma colocação sobre a conceitualização de  “politicamente correto”, afirmando que é um tipo de ‘sistema’ cujas bases estão postas sobre à mentira intelectualizada a serviço do “bem”.

Há grupos minoritários, apolíticos, que surgem do nada e para nada que pensam estar numa democracia legítima, assim, acham que podem fazer o quê e com quem bem entendem. A leitura que faço de grupos assim, e isto está muito em moda, lembrando que moda não deixa de ser parte do “politicamente correto”, é a de que não têm cultura suficiente para atuarem de maneira minimamente aceitável, em um nível minimamente claro, culto, rico. Este tipo de atitude, é exatamente a expressão da doutrina gramscista: massificação em grupo. Vai muito ao encontro do que pensava o filósofo Oakeshott, que considerava uma maldição, pensamentos individualistas. Por isto, o interessante é que o “politicamente correto” seja aplicado, fazendo profusão de ideias do tipo: “cidadãos conscientes” e decisões individuais = democracia. Isto é uma conversa barata , de larápio. Estes pequenos grupos se mobilizam por meio de um ato aqui, outro acolá, e conseguem seduzir adeptos incautos até, que sequer sabem sobre ideologia, como estes grupos, e produzem o que Tocqueville chamou de “massificação de opiniões.”

Este grupo de “massificação” tem características de totalitarismo, só que não deixam transparecer. São grupos antipolíticos, anti-indivíduo, que se valem de ações e ideias populistas e distribuem, num discurso hilariante e utópico, a ‘autonomia’ para todos. Não sem antes estes “todos” pensarem que esta liberdade autonômica, numa espécie de marketing ideológico, ser mostrada como um “benefício assistencialista” (tipo bolsa qualquer porcaria). Uma verdadeira enganação. Produzem um sofisma, e profundem-no, sedutoramente. Pondé demonstra este conceito, diante da união de Tocqueville, Nelson Rodrigues e Oakeshott, evidentemente como: “o idiota raivoso fala sempre com a força de bando, e na democracia de massa em que vivemos, ele sim tem o poder absoluto de destruir todos os que não se submetem à sua regra de estupidez bem adaptada.”

Fonte: dermevalreisjunior.wordpress.com

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